ㅤㅤㅤㅤㅤManuela fingiu estar apressada para se vestir e ir embora. Vestiu o vestido por que ela mesma havia comprado para si quando decidiu se namorar. O celibato não prosperou, é verdade, mas o amor próprio que com ele veio jamais foi abalado.
ㅤㅤㅤㅤㅤO beijo de despedida foi breve e desconexo, apenas para não demonstrar a frieza com que ela se revestia. A frieza residual de seu relacionamento com Bobby, um escudo moldado para que ela não se apegasse.
ㅤㅤㅤㅤㅤDimitri a guiou até a porta e esperou o Uber chegar. No entanto, o destino por ela selecionado não era sua própria casa. Não: na verdade, era a morada de seu outro subterfúgio para não se apegar.
ㅤㅤㅤㅤㅤO caminho foi curto, porém tedioso. Teve que socializar com o motorista e dar-lhe sorrisos forçados para não perder suas estrelas. Ao chegar e esperar que Álvaro atendesse a campainha, teve que continuar fingindo simpatia para não recebê-lo com sua característica cara amuada. Sua seriedade sempre lhe foi um fardo a carregar.
ㅤㅤㅤㅤㅤQuando Álvaro finalmente chegou, ela não precisou mais fingir. Ela se satisfazia naturalmente ao notar-lhe o rosto esbelto e a barba cheia. Não muito diferente da reação ao cruzar com o olhar anilado de Dimitri; porém com Álvaro ela diferente: ela nunca imaginou que ele fosse ser algo a mais que outra de suas incontáveis paixões não correspondidas. Ele era do tipo de homem que só se deixava laçar por uma mulher suficientemente segura de si. Era o sinal de sua evolução psicológica, era a satisfação de desejos interiores tão antigos e famintos os quais ela sequer sabia que existiam.
ㅤㅤㅤㅤㅤEle sorriu ao vê-la assim tão certa e tão feliz. Ele precisava focar seu olhar trinta centímetros abaixo de si para encarar aquela pequena imagem de ousadia. Parecia uma mosca que se dispunha a ser envolvida pela teia da aranha, parecia a presa que não só não se importava em ser devorada, como também se apetecia de seu próprio sangue, de sua própria carne.
ㅤㅤㅤㅤㅤ— Então quer dizer que meu bem está sozinho em casa? — questiona ela presunçosamente, já irrompendo na sala de estar sem mesmo ser convidada.
ㅤㅤㅤㅤㅤ— Até as 3 da manhã — Álvaro responde acompanhando-a com o olhar. — Dá pra fazer o que quiseres até lá.
ㅤㅤㅤㅤㅤEla ri e lança à mesa de jantar uma expressão lasciva. Ele abstrai suas intenções e desmancha-se em um riso de escárnio e empolgação. A porta se fecha e os deixa lá dentro a elaborar os planos do banquete.
ㅤㅤㅤㅤㅤO beijo de despedida foi breve e desconexo, apenas para não demonstrar a frieza com que ela se revestia. A frieza residual de seu relacionamento com Bobby, um escudo moldado para que ela não se apegasse.
ㅤㅤㅤㅤㅤDimitri a guiou até a porta e esperou o Uber chegar. No entanto, o destino por ela selecionado não era sua própria casa. Não: na verdade, era a morada de seu outro subterfúgio para não se apegar.
ㅤㅤㅤㅤㅤO caminho foi curto, porém tedioso. Teve que socializar com o motorista e dar-lhe sorrisos forçados para não perder suas estrelas. Ao chegar e esperar que Álvaro atendesse a campainha, teve que continuar fingindo simpatia para não recebê-lo com sua característica cara amuada. Sua seriedade sempre lhe foi um fardo a carregar.
ㅤㅤㅤㅤㅤQuando Álvaro finalmente chegou, ela não precisou mais fingir. Ela se satisfazia naturalmente ao notar-lhe o rosto esbelto e a barba cheia. Não muito diferente da reação ao cruzar com o olhar anilado de Dimitri; porém com Álvaro ela diferente: ela nunca imaginou que ele fosse ser algo a mais que outra de suas incontáveis paixões não correspondidas. Ele era do tipo de homem que só se deixava laçar por uma mulher suficientemente segura de si. Era o sinal de sua evolução psicológica, era a satisfação de desejos interiores tão antigos e famintos os quais ela sequer sabia que existiam.
ㅤㅤㅤㅤㅤEle sorriu ao vê-la assim tão certa e tão feliz. Ele precisava focar seu olhar trinta centímetros abaixo de si para encarar aquela pequena imagem de ousadia. Parecia uma mosca que se dispunha a ser envolvida pela teia da aranha, parecia a presa que não só não se importava em ser devorada, como também se apetecia de seu próprio sangue, de sua própria carne.
ㅤㅤㅤㅤㅤ— Então quer dizer que meu bem está sozinho em casa? — questiona ela presunçosamente, já irrompendo na sala de estar sem mesmo ser convidada.
ㅤㅤㅤㅤㅤ— Até as 3 da manhã — Álvaro responde acompanhando-a com o olhar. — Dá pra fazer o que quiseres até lá.
ㅤㅤㅤㅤㅤEla ri e lança à mesa de jantar uma expressão lasciva. Ele abstrai suas intenções e desmancha-se em um riso de escárnio e empolgação. A porta se fecha e os deixa lá dentro a elaborar os planos do banquete.
